O chorar possui uma essência polissêmica, carrega consigo as mais vastas possibilidades e motivações. Por isso gosto do choro, não é um apego doentio, mas fruto de admiração diante de sua riqueza. Os seus extremos também são dignos de contemplação, pois foi combustível dos ultra-românticos em seu desabafo angustiado sobre a nossa condição. É possível chorar pela alegria de encontrar alguém que se ama. Apenas fotografá-la em nossa mente já é a gota que transborda o mar revolto que nos habita. Que perfeição essa correnteza encontrar as “portas da nossa alma” para desaguarem num fluxo desenfreado e, por vezes, balsâmico. Pode-se também prantear pelo desencontro, mas, o chorar, teimoso, segue seu fluxo, pois ninguém reverte o correr de um rio. Carregamos conosco a sina de utilizar a mesma “palavra corporal” para manifestar coisas bem diversas e, muitas vezes, opostas por natureza. O riso é efêmero, não é profundo, é quase um espasmo.
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por The Cuckoo’s Nest
* 2:47 AM