Quem sou: Nada.


Gosto de nada.


Leio nada.


Estudo nada.


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I.- FORTUNA IMPERATRIX MUNDI

(Carmina Burana - Carl Orff)


1. O Fortuna

O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis;
vita detestabilis
nunc obdurat
et tunc curat
ludo mentis aciem
potestatem
dissolvit ut glaciem.

Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
michi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.

Sors salutis
et virtutis
michi nunc contraria,
est affectus
et deffectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!




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[sábado, fevereiro 17, 2007]

"Nossa, como você agüenta estudar isso?
"Você não enlouquece?"

Vamos por partes. Fico perguntando-me o por quê desse tipo de reação, pois ninguém pergunta a um pesquisador das ciências médicas se ele incomoda-se com o fato de dissecar ratinhos ou outro tipo de animal para a sua pesquisa. Será que tal pessoa não "enlouquece" por isso. Ah sim, a velha história de tudo a favor da ciência, que tais atos são para o bem dos humanos etc.
Não vou entrar no mérito dessa questão.
Para um lingüista, as coisas não são tão "cortáveis" assim. Acho que nessa ciência residem dois pontos que a tornam complicada. O primeiro é que, como disse acima, não temos como recortá-la de maneira efetiva, ou seja, os cortes são todos feitos para subdividi-la em níveis de análise. Mas na verdade, sabemos que a língua é um caos maravilhosamente organizado e que tais incisões são frutos de postulações teóricas, por mais empíricas que sejam. O segundo ponto é o instrumento de análise e o objeto analisado, pois a analisamos com ela mesma, usamos a própria para sua auto-definição. Seria a mesma coisa que um cientista usar um rato para cortar outro rato.
Abaixo, vou transcrever um trecho que, para mim, é uma declaração de amor à lingüística como ciência autônoma. Este trecho foi escrito pelo lingüista dinamarquês Louis Hjelmslev, fundador do Círculo Lingüístico de Copenhague:

“A linguagem – a fala humana – é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. A linguagem é inseparável do homem e segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base última e mais profunda a sociedade humana. Mas é também o recurso último e indispensável do homem, seu refúgio nas horas solitárias em que o espírito luta com a existência, e quando o conflito se resolve no monólogo do poeta e na meditação do pensador. Antes mesmo do primeiro despertar da nossa consciência, as palavras já ressoavam à nossa volta , prontas para envolver os primeiros germes frágeis do nosso pensamento e a nos acompanhar inseparavelmente através da vida, desde as mais humildes ocupações da vida quotidiana aos momentos mais sublimes e mais íntimos dos quais a vida de todos os dias retira, graças às lembranças encarnadas pela linguagem, força e calor. A linguagem não é um simples acompanhante , mas sim um fio profundamente tecido na trama do pensamento; para o indivíduo, ela é o tesouro da memória e a consciência vigilante de pai para filho”



(Prolegômenos a uma teoria da linguagem)




Enviado por
The Cuckoo’s Nest * 2:52 PM